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08/12/2010

Doença de Alzheimer: o que é?

Mafalda Veiga- " Velho "- Mafalda Veiga

Santa Casa Misericórdia Fafe





A Santa Casa da Misericórdia de Fafe foi instituída em 23 de Março de 1862, tendo os respectivos Estatutos sido aprovados por Carta Régia de D.  Luís I, do mesmo ano.
    No decurso da década de 1850, o País atravessava uma grave crise na problemática da Saúde. No nosso Concelho, não existia qualquer estabelecimento hospitalar ou semelhante para atendimento e tratamento de doentes. Foi, nessa altura, que o médico fafense, Dr. Miguel António Soares, sensibilizado para este grave problema, incitou e convenceu seu filho, José Florêncio Soares, abastado e influente comerciante com interesses em Fafe e na Cidade de Rio de Janeiro (a quem Fafe dedica com a maior justiça, uma das mais belas praças) a que promovesse, junto dos seus compatriotas residentes na cidade do Rio de Janeiro, uma campanha de angariação de fundos para a construção de um hospital na nossa terra. E teve bom êxito o nosso José Florêncio Soares.
Efectivamente, logo promoveu e liderou uma comissão de angariação de   fundos,  também   denominada   "Comissão   de   subscritores   fundadores" , constituída    pelos  ilustres   brasileiros,   Comendador   António   Gonçalves Guimarães  (Sogro  do  tribuno  e  escritor    José   Cardoso Vieira de Castro), servindo  de  Presidente,  Bernardo  Ribeiro  de  Freitas,  primeiro Secretário, Comendador     Albino    de    Oliveira    Guimarães ,    segundo    Secretário ,  Comendador  José   António   Vieira  de Castro,  Tesoureiro  e  Luís  António Rebelo  de  Castro,  Procurador.
Por sua vez, esta comissão nomeou outra, denominada "Comissão Edificadora do Hospital", constituída por quatro elementos de reconhecida idoneidade e capacidade, a saber: Dr. Florêncio Ribeiro da Silva, Presidente, António José Leite Lage, Vice-presidente, José Florêncio Soares, Secretário, e Miguel António Monteiro de Campos, Tesoureiro. Esta comissão, instalada em Fafe, ficava encarregada de dirigir a obra de edificação do Hospital, e para tanto, recebia instruções e fundos da Comissão sedeada na metrópole brasileira. E assim, foi dela que recebeu o risco ou projecto para o Hospital que é uma cópia fiel da "Beneficente Portuguesa do Rio de Janeiro". E dela recebeu também, para além dos fundos já obtidos, a ordem de que, construído o Hospital, seria entregue a uma Irmandade que o ficava a administrar e a dirigir.
Porque, nessa altura, eram as Irmandades das Santas Casas da Misericórdia quem superintendia na maioria dos hospitais, foi, então, criada a "Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Fafe" ou "Misericórdia de Fafe", a quem o Hospital veio a ser entregue.
    Em 6 de Janeiro de 1859, dia de Reis, com grande pompa e alegria, foi lançada a primeira pedra do Hospital, ao qual, inicialmente se atribuiu o nome de "Hospital da Caridade" por se destinar aos "Pobres da Vila e a todos da Comarca" (SIC).Os trabalhos desta empreitada jamais pararam. Aos generosos emigrantes do Brasil juntaram-se os também generosos homens de Fafe; e, assim, com grande entusiasmo, multiplicaram-se as campanhas e organizaram-se cortejos e subscrições, em que se salientou Monsenhor Vieira de Castro. É interessante referir que foi a Câmara Municipal de Fafe, da Presidência do Dr. António Leite de Freitas e Castro, que, a pedido da referida Comissão Edificadora, cedeu, gratuitamente, o terreno para a implantação desta humanitária obra. Em  19  de  Março  de   I863,  Dia  de  S. José,  com  a  presença   do Governador  Civil   do   Distrito, das  altas  autoridades  fafenses  e de toda a população,   foi   solenemente   inaugurado   e  aberto  à  comunidade  o  tão desejado e necessário Hospital, já com o nome de "Hospital de S. José", que ainda hoje é um dos mais belos e majestosos edifícios da nossa cidade.
Interessante  será  também referir que foi o já referido José Florêncio Soares quem,  a expensas  suas,  custeou  totalmente  as  despesas  com a erecção  do  grandioso  altar  que   existia na  capela, inicialmente  construída  no   interior   do   Hospital   e   que   foi   desmantelado    quando   da   última remodelação   do   edifício,  tendo   sido  aproveitadas   diversas  peças  que, posteriormente, foram  utilizadas  na  construção do altar da Capela do nosso Lar de Cepães. Este  edifício,  para   além   do   Hospital,  funcionava  também  como Secretaria  da   Misericórdia.  Na  medida  do  possível,  as  instalações   iam melhorando   e   propiciando   novos   serviços   que   agradavam   a   toda  a comunidade. Assim  se  manteve  até   aos   anos   de   1900,  altura  em  que  o brasileiro e grande  benemérito  Manuel Baptista Maia, casado, que residia nesta  cidade,  no   então   Largo  D. Carlos I,   hoje,  Praça   25   de   Abril,  mandou construir, a expensas suas,  na   Rua    Montenegro, um edifício de bela traça, que destinou a “Asilo de Inválidos", e que, depois de construído, foi   legado   à  Misericórdia  para   que  o  gerisse  e   administrasse   como propriedade sua.
Ficou, então, a Misericórdia com as valências da saúde (Hospital) e de protecção à invalidez (Asilo). Situação esta que se manteve até à nacionalização do Hospital, no Ano de 1976. Desapossado do seu Hospital, a Misericórdia ficou reduzida ao pequeno Asilo, sentindo-se como que aniquilada e humilhada. Porém,  "Deus escreve certo por linhas tortas", pois aquilo que parecia ser uma derrota logo se  transformou em glória. É que a revolução do 25 de Abril, causa da Nacionalização dos hospitais, veio alterar o "modus vivendi" da sociedade portuguesa. Estas alterações têm os seus custos. O lançamento da mulher no mercado de trabalho originou a necessidade da multiplicação dos infantários e dos lares. E ainda bem que as Misericórdias se capacitaram a dar cobertura a estas novas necessidades. Assim aconteceu com a Misericórdia de Fafe. Espoliada da sua actividade no campo da saúde, logo acorreu a satisfazer outras necessidades da comunidade, quer nas áreas da infância e juventude,  quer na terceira idade. Foi  então  que  lançou  mãos à construção do seu Lar - Sede, hoje, denominado, "Lar Cónego Leite de Araújo" , que veio a ser inaugurado a 16 de  Novembro  de  1983,  construído  para  85  idosos internados. Neste Lar vieram  a  ser,  posteriormente,  instaladas  as  valências  de Centro de Dia, apoio domiciliário a idosos, apoio domiciliário a deficientes, salão de estudo e escola de música.
Entretanto, foi encerrado o Asilo da Rua Montenegro, conhecido como “Asilo do Maia", por necessitar de obras urgentes e profundas, tendo os respectivos serviços sido transferidos para a Casa do Calvário, sita na Rua Visconde Moreira de Rei, que, posteriormente veio a ser transformada em Lar de Idosos.
    Nesta  altura  já a Misericórdia  de  Fafe  tinha  recuperado o seu anterior prestígio (aparentemente perdido aquando da Nacionalização do Hospital)  e  foi  então  que a Segurança Social lhe ofereceu, por contrato de gestão de 01.04.86, o infantário que havia lançado na Rua  João XXIII (antiga   residência   do   Dr. Malheiro)  e  que  hoje  é   conhecido   como infantário nº 1.
Estudado o destino a dar ao antigo “Asilo do Maia", foi deliberado recuperá-lo e  adaptá-lo   a infantário, surgindo, assim, no final da década de 1980, o infantário da Rua Montenegro ou Infantário nº 2.
Nesta    altura,   verificou-se   a   necessidade   de   proteger   as crianças  do   ensino  básico   (crianças  dos  6  aos  I0  anos)  nos  seus tempos livres.  Para  o efeito e de acordo com a Fábrica da Igreja, foram criados  nove  ATL's que se distribuíram    pelas    zonas    da   paróquia.    Estes   ATL's,   dotados   com  Educadoras,  não  só  ajudam  as   crianças   na   feitura   dos   seus   deveres   escolares,   como   também   as   libertam   dos   perigos    da    rua   e   as   vão   encaminhando    na  prática  do  bem . Não  obstante  a  Misericórdia   estar  a  crescer,  a   verdade  é  que  não  conseguia   superar  as  necessidades que se lhe  deparavam,  sobretudo  a  nível  da  terceira   idade,  pois,  os  dois  Lares  existentes  e  a  funcionar  em  pleno,  eram  manifestamente  insuficientes  para  os inúmeros pedidos de internamentos.
    Por  isso,  por  iniciativa  e  a  pedido  do  saudoso  Cónego Leite de Araújo  (o  verdadeiro  herói  na  expansão   da   Misericórdia   de   Fafe),   a generosa   família   do   conhecido   Major   Valentim   Loureiro,   que   havia arrematado,  em hasta pública, diversos edifícios da Companhia de Fiação e    Tecidos  de  Fafe  (Fábrica de Ferro)  cedeu   à  Misericórdia,  em  regime de contrato    de   comodato,   e,   consequentemente,   sem    a   obrigação   do pagamento de qualquer renda, dois edifícios urbanos, situados na Rua José Ribeiro  Vieira  de  Castro,  que  se  encontravam  devolutos  e,   depois   de algumas  obras  de  adaptação,  transformaram-se  no  denominado  Lar  da Fábrica do Ferro que, desde o início da década de 1990, vinha albergando 40 idosos e que, entretanto, foi desactivado por imposição da Segurança Social, sendo estes utentes transferidos provisoriamente, para o Lar D. Alzira Oliveira Sampaio.
Mas,  nem  assim  a  Misericórdia  conseguia  satisfazer   todos  os pedidos de internamento que se lhe apresentavam. Por consequência, logo  se programou  a construção de um novo Lar, a construir na Quinta da Lage, em Cepães,  Lar este que veio a ser inaugurado em 5 de Setembro de 1995   e  que  se  denomina  Lar de  Cepães ou Lar D. Maria Joaquina Leite Lage.
A  Misericórdia  de  Fafe  jamais parará  de progredir. É que, quanto mais cresce, mais necessidades surgem para solucionar. Presentemente, concluiu, um novo Lar, destinado a deficientes profundos e crianças em risco, com 30 camas para cada valência, estando neste momento albergando provisoriamente os idosos que foram transferidos do extinto Lar da Fábrica de Ferro. Relativamente ás crianças em risco é de prever que no ano de 2007 esteja em pleno funcionamento, já que falta apenas os acordos com a Segurança Social. O custo destes equipamentos ronda os 420 000 contos (2 100 000 €).  Este edifício situa-se na Quinta dos Outeiros, próximo às Cantareiras, na freguesia de Quinchães.
Com  as  valências  que  já  tem  em  funcionamento,  a  Misericórdia acolhe  cerca  de  260  crianças nos 2 infantários para além de umas 340 nos ATL's dispersos pela Cidade: no campo da juventude, tem em funcionamento um  salão  de  estudo e uma escola de música com cerca de uma centena de alunos  e  dá  apoio  a  quatro   dezenas   de   deficientes   e,  finalmente,  na área da terceira idade tem  213 idosos internados, uma dezena em centro de dia e apoia,  no domicílio, à volta de meia centena. Na área da Deficiência dá apoio   a   37   deficientes    grandes   dependentes.   Se  a   estes   números, adicionarmos os 200 trabalhadores, concluiremos que a Misericórdia de Fafe lida diariamente com cerca de 1200 pessoas.




07/12/2010

Efeitos da hidroterapia

Efeitos da hidroterapia na recuperação do equilíbrio e prevenção de quedas em idosas
Effects of hydrotherapy in balance and prevention of falls among elderly women


Resumo

Contexto: A hidroterapia é utilizada para tratar doenças reumáticas, ortopédicas e neurológicas. Na atualidade, é alvo de investigações na recuperação do equilíbrio em idosos. Objetivo: Avaliar o efeito de um programa de hidroterapia no equilíbrio e no risco de quedas em idosas. Métodos: Trata-se de um estudo quase-experimental antes/depois sem grupo controle. Foram avaliadas 25 idosas por meio de duas escalas, a Escala de Equilíbrio de Berg e Timed Up & Go. Posteriormente, foram submetidas a um programa de hidroterapia para equilíbrio, de baixa a moderada intensidade, que consistiu de três fases: fase de adaptação ao meio aquático, fase de alongamento e fase de exercícios estáticos e dinâmicos para equilíbrio. O programa foi aplicado durante 12 semanas, sendo duas sessões semanais com 40 minutos de duração cada sessão. As idosas foram reavaliadas após a sexta e a 12ª semanas do programa de hidroterapia. Os dados foram analisados estatisticamente pelo teste t, para amostras pareadas, e pelo teste de Wilcoxon. Resultados: A hidroterapia promoveu aumento significativo do equilíbrio das idosas, avaliado por meio da Escala de Equilíbrio de Berg (p< 0,001) e teste Timed Up & Go (p< 0,001), e ainda, redução do risco de quedas (p< 0,001), de acordo com o modelo de Shumway-Cook et al. Conclusões: Pode-se sugerir que este programa de hidroterapia para equilíbrio aumentou o equilíbrio e reduziu o risco de quedas nas idosas.
Palavras-chave: hidroterapia; fisioterapia; equilíbrio musculoesquelético; acidentes por quedas; idoso.


Abstract

Background: Hydrotherapy is used to treat rheumatic, orthopedic and neurological disorders. It has been the subject of investigations regarding balance recovery in elderly people. Objective: To evaluate the effect of a hydrotherapy program for balance, in relation to the risk of falls in elderly women. Methods: This was a quasi-experimental before/after study without a control group. Twenty-five elderly women were evaluated using two scales: the Berg Balance Scale and Timed Up & Go. The subjects underwent, subsequently, a low to moderate intensity hydrotherapy program for balance, which consisted of three phases: a phase of adaptation to the aquatic environment, a stretching phase and a phase of static and dynamic balance exercises. The program was applied for 12 weeks, with two sessions per week, each session lasting 40 minutes. The elderly women were reassessed after the sixth and twelfth weeks of the hydrotherapy program. The data were analyzed statistically by means of Student’s t test for paired samples and the Wilcoxon test. Results: Hydrotherapy promoted significant increases in the elderly women’s balance, as assessed using the Berg Balance Scale (p< 0.001) and the Timed Up & Go test (p< 0.001). There was also a reduction of the scores in a scale of risk of falls (p< 0.001), according to the model of Shumway-Cook et al. Conclusions: It can be suggested that this hydrotherapy program for balance gave rise to an increase in balance and a possible reduction in the risk of falls among these aged women.
Key words: hydrotherapy; physical therapy; musculoskeletal equilibrium; accidental falls; aged person.
Recebido: 16/4/2007 – Revisado: 16/8/2007 – Aceito: 21/9/2007

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1 Centro de Readaptação e Reabilitação Dr. Henrique Santillo (Crer), Associação de Idosos do Brasil (AIB) – Goiânia (GO), Brasil
2 Universidade Católica de Goiás (UCG) – Goiânia (GO), Brasil
Correspondência para: Selma Mendes Resende, Rua José Del Fiol, 186, Jardim Andréa Ville, CEP 18276-710, Tatuí (SP), e-mail: smres@yahoo.com

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Introdução

Na atualidade, as quedas se tornaram um dos maiores problemas de saúde pública em idosos, devido ao aumento da morbidade, mortalidade e custos para a família e a sociedade1. Os principais fatores de risco para quedas nessa população estão relacionados à limitação funcional, história de quedas, aumento da idade1-4, fraqueza muscular, uso de medicamentos psicotrópicos, riscos ambientais1,3,4, sexo feminino2,5,6 e deficit visual2.
Pesquisadores relatam que mulheres idosas apresentam maior propensão para quedas devido a menor massa magra e força muscular, maior prevalência de doenças crônico-degenerativas e exposição às atividades domésticas2,5,6.
Anualmente, no Brasil2 e nos Estados Unidos7, 30% dos idosos não institucionalizados sofrem quedas. Aproximadamente 5% destas causam fraturas, destacando-se as do quadril2. Os Estados Unidos têm um custo anual de 10 bilhões de dólares no tratamento de fraturas do quadril em idosos decorrente das quedas8. Diferentemente, no Brasil, apesar do alto índice de fraturas, são gastos R$ 12 milhões anuais9.
Para prevenir as quedas, é necessário aprimorar as condições de recepção de informações sensoriais do sistema vestibular, visual e somatossensorial, de modo a ativar os músculos antigravitacionais e estimular o equilíbrio10. Um dos meios empregados para promover os estímulos acima citados é a prática da atividade física11,12.
Desta forma, é preconizado, na literatura, que a atividade física realizada no decorrer da vida pode atenuar as perdas ósseas e musculares e reduzir o risco de fratura em até 60%1,3. Além disso, a atividade física aprimora a qualidade de vida, reduz o risco de quedas e promove o aumento da força muscular, do condicionamento aeróbico e da flexibilidade do equilíbrio3,13.
Desde os tempos remotos, a hidroterapia tem sido utilizada como recurso para tratar doenças reumáticas, ortopédicas e neurológicas; entretanto, só recentemente é que essa tem se tornado alvo de estudos científicos. As propriedades físicas da água, somadas aos exercícios, podem cumprir com a maioria dos objetivos físicos propostos num programa de reabilitação. O meio aquático é considerado seguro e eficaz na reabilitação do idoso, pois a água atua simultaneamente nas desordens musculoesqueléticas e melhora o equilíbrio14,15.
A multiplicidade de sintomas como dor, fraqueza muscular, deficit de equilíbrio, obesidade, doenças articulares, desordens na marcha, dentre outras, dificultam a realização dos exercícios em solo por idosos, ao contrário dos exercícios realizados no meio aquático, onde há diminuição da sobrecarga articular, menor risco de quedas e de lesões. Além disso, a flutuação possibilita ao indivíduo realizar exercícios e movimentos que não podem ser realizados no solo10,14,16.
Apesar de poucos estudos relatarem os efeitos da hidroterapia no equilíbrio e na redução de quedas, todos eles demonstraram benefícios, como por exemplo, a redução da oscilação postural17, o aumento do alcance funcional16 e a maior independência nas atividades da vida diária (AVD’s)18. Compreendendo a relevância desse tema, este estudo teve como objetivo avaliar o efeito de um programa de hidroterapia no equilíbrio e no risco de quedas em idosas.

Métodos

Trata-se de um estudo quase-experimental antes/depois sem grupo controle, realizado na Associação de Idosos do Brasil (AIB) em Goiânia (GO). A realização deste obedeceu aos princípios éticos para pesquisa envolvendo seres humanos, conforme resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Goiás (UCG), sob parecer número 0065.0.168.000-05.
Sujeitos
Para o desenvolvimento do estudo, foram selecionados 50 idosos (49 mulheres e um homem). Os voluntários foram recrutados por meio de cartazes na própria associação e posteriormente selecionados segundo os critérios de inclusão e exclusão.
Critérios de inclusão: idade acima de 60 anos, marcha independente, independência nas AVDs, ausência de contra-indicação médica ao exercício – atestado médico cardiológico e dermatológico – participação em 80% do tratamento e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Critérios de exclusão: incontinência urinária ou fecal, insuficiência renal, feridas abertas, doenças cutâneas contagiosas, doenças infecciosas, sondas, trombos vasculares, insuficiência cardíaca, pressão arterial (PA) não controlada, dispnéia aos mínimos esforços, uso de medicamentos psicotrópicos (benzodiazepínicos), participação em outro programa de atividade física e fisioterapia.
Após a seleção, 40 idosas se enquadraram nos critérios de inclusão. Quinze delas não completaram o estudo por motivos como viagens e problemas de saúde. Desta forma, 25 idosas, com idade média de 72,60 ± 7,11 anos, compuseram a amostra investigada.



Fundação António Joaquim Gomes da Cunha


1. Breve História da Fundação

A Fundação A. J. Gomes da Cunha, antigo “Instituto”, ou “As Obras”, como ainda hoje alguns lhe chamam, é uma instituição criada pelo benemérito António Joaquim Gomes da Cunha, natural do lugar de Gondarém, da freguesia de S. Nicolau, do concelho de Cabeceiras de Basto.

Tendo amealhado fortuna no Brasil, durante o século dezanove, fez constar do seu testamento, o desejo de comprar terrenos no lugar de Gondarém, para aí construir edifícios para Escolas Primárias (Masculina e Feminina), Posto Médico, Farmácia e outros espaços destinados a alojamento dos Professores e Farmacêuticos.

O que veio a tornar-se realidade, pelo que, para além destas estruturas, foi ainda construído um edifício destinado a Escola Agrícola, Industrial e Comercial.

Para concretização e acompanhamento desta ideia, foi constituída uma Comissão Administrativa que, durante vários anos, geriu os rendimentos do “Instituto”.

No entanto, a conjuntura política e financeira dos anos 20, com a desvalorização da moeda, levou a que a Administração do então Instituto, colocasse nas mãos da Câmara Municipal, a gestão de todos os seus bens.

Posteriormente, a Câmara Municipal viria a entregar, a uma Comissão formada em S. Nicolau, a administração do Instituto A. J. Gomes da Cunha, que, a partir de certa altura, se viu confrontada com a preocupação essencial de evitar, a todo o custo, a degradação natural dos edifícios, em consequência da sua não utilização.

Houve também necessidade de actualizar os Estatutos (o “Instituto” passa a Fundação), de alargar a área de intervenção e abrangência, tendo em vista já, a criação de uma Escola de Deficientes, como forma de reiniciar a actividade da instituição.

Os dados estavam lançados e a ideia de aproveitamento dos edifícios para uma resposta social na área da deficiência, foi-se consolidando.

Seguiu-se um trabalho de contacto com a Segurança Social, no sentido da obtenção do necessário apoio para a elaboração do projecto e, depois, para o respectivo financiamento da obra.

No entanto, desde logo se prestou apoio social na área da deficiência, nomeadamente através do transporte dos jovens do concelho, para a CERCIFAF.

Ao mesmo tempo, foi criado um serviço de apoio domiciliário às famílias dos deficientes, mas, apesar deste trabalho, continuava a verificar-se: uma enorme carência social no apoio aos deficientes e às suas famílias, um elevado número de casos detectados de deficiência sem qualquer resposta adequada e uma ausência de equipamentos de apoio a pessoas inadaptadas, ao nível local.

Para fazer face a esta realidade, foi incluída em PIDDAC (1997-1999), a verba de 60.000 contos, para as obras de adaptação de parte do edifício da Fundação, para aí criar um Centro de Actividades Ocupacionais para Cidadãos Inadaptados, que permitiria a realização de actividades socialmente úteis e estritamente ocupacionais, bem como apoio técnico permanente nos planos físico, psíquico e social.

Competências gerais do Educador Sénior


Atitudes Fundamentais

1. Empatia
2. Capacidade de escuta
3. Respeito
4. Congruência
5. Clarificação

Empatia: manifestações
• Identificar correctamente as emoções;
• Compreender a intensidade das emoções;
• Ajudar a exprimir as emoções (eco);
• Utilizar uma linguagem apropriada;
NOTA: a empatia não é miraculosa nem curativa, no entanto, ajudar o cliente a exprimir o seu problema, proporciona-lhe um momento de crescimento, auto-conhecimento e realização. A falta de empatia por parte dos profissionais atrasa a evolução do utente podendo mesmo a agravar o seu estado!

Empatia: obstáculos

• Passividade
• Formulação de juízos críticos
• Linguagem não familiar
• Percepções diferentes
• Falta de atenção

Empatia: meios de facilitação

• Disponibilidade e escuta atenta;
• Esforço de procura de semelhanças entre profissional utente;
• Variedade das experiências de vida;
• Linguagem apropriada;
• Descodificação de símbolos

Escuta: manifestações

1. Observação não-verbal

• Mensagens múltiplas;
• Paralinguagem;
• Silêncios;


2. Escuta do verbal

• Acontecimentos;
• Comportamentos;
• Estados emocionais;
• Conteúdo estrutural.

Escuta: obstáculos

• Escuta inadequada;
• Escuta filtrada;
• Escuta apreciativa;
• Escuta compassiva.

Escuta: meios de facilitação

• Concentração;
• Escolha de local apropriado;
• Adoptar uma distância adequada;
• Adoptar boas posições de escuta;
• Olhar o outro;
• Fazer silêncio dentro de si;
• Honestidade.

Respeito: manifestações

1. Atitudes

• Estar lá para a pessoa idosa;
• Considera-lo como um ser único;
• Acreditar nas suas capacidades (sem criar expectativas);

2. Comportamentos
• Ser empático;
• Evitar julgar;
• Ser competente;
• Ajudar o idoso a desenvolver os seus recursos
• Ser cordial
NOTA: o profissional considera a pessoa idosa um ser aceitável como objecto de afecto, aceita-o como um ser único, aceita incondicionalmente os seus valores. Tem um efeito libertador e estimulante: o cliente pode aceitar-se, amar-se e evoluir.

Respeito: obstáculos

• Tom de voz infantil
• Frases feitas
• Comportamentos punitivos
• Recusa de emoções
• Juízos de valor
• Não reconhecer a vivencia do idoso
• Falta de confiança nas capacidades do idoso.

Respeito: meios de facilitação

• Dedicação total;
• Evitar ter pena;
• Dar apoio afectivo;
• Evitar interrupções;
• Respeitar a intimidade do idoso;
• Deixar o idoso tomar decisões.

Congruência: manifestações

• Espontaneidade
• Coerência
Nota: atitude que permite ao idoso sentir-se mais à vontade e que confie no profissional.

Congruência: obstáculos

• Atitude defensiva;
• Espontaneidade mal compreendida;
• Atitude pessimista;
• Ausência total de envolvimento;

Congruência: Meios de facilitação

• Saber afirmar-se (ser assertivo)
• Desenvolver segurança interior

Clarificação: manifestações

• Falar no presente (objectividade);
• Ajudar o idoso a identificar os seus sentimentos;
• Resumir o conteúdo da entrevista ou ajudar o idoso a faze-lo;
• Ajudar o idoso a focalizar-se (problemas primários).

Clarificação: obstáculos
• Termos abstractos e imprecisos;
• Generalizações;
• Utilização de advérbios (e.g. ultimamente = imprevisão);
• Conversa impessoal e intelectual;

Clarificação: meios de facilitação

• Compreender a verdadeira linguagem da pessoa idosa;
• Recorrer à linguagem não verbal;
• Evitar termos vagos;
• Levar a pessoa idosa a clarificar conceitos demasiado gerais;
• Cuidado nas questões (objectivas).

Outras competências:

• Sensibilidade
• Atitude positiva
• Confiança em sei próprio;
• Atitude não moralizadora;
• Criatividade;
• Humor (q.b. = a distância e desdramatiza a situação; cuidados para não induzir a erro!)

Intervenções e atitudes a evitar

• Desenvolver ansiedade;
• Tranquilizar, confortar e facilitar a dependência;
• Dar ordens
• Fazer perguntas directas;
• Moralizar;
• Interromper ou falar muito alto ou muito depressa;
• Lisonjear e aprovar em demasia;
• Criticar e julgar;
• Controlar a conversa.

Dificuldades

• Diferenças evidentes entre o Educador Sénior e a pessoa idosa;
• Implicação emotiva;
• Atitude aligeirada;
• Transferência;
• Contra-transferência;
• Resistência.


03/12/2010

Perfil do Educador Sénior

          O envelhecimento da população, aliado à procura constante de uma maior qualidade de vida leva a que seja necessário criar respostas para as pessoas que, sem condições para poderem ficar sozinhas nas suas casas, tenham um lugar que as acolha e que lhes proporcione bem-estar, conforto e onde elas não se sintam sós.
o curso de Educação Sénior  visa formar um novo tipo de educador e/ou gestor capaz de planificar, gerir e desenvolver actividades integradas, de índole cultural e educacional, para cidadãos seniores, quer em instituições já existentes quer em outras a criar na base do empreendedorismo.
          O curso integra um leque de cadeiras de variadas áreas, passando pela saúde, desporto até à educação. O contributo de áreas tão diversificadas, que se entrecruzam naturalmente, tem sido desenvolvido de uma forma articulada visando a dignificação da cidadania e cidadão adulto e sénior, aqui entendido como pessoa portadora de faculdades cognitivas, psicomotoras e sociais bem como de conhecimentos e experiencias que merecem ser dinamizados e acreditados.
          Relativamente às possíveis saídas profissionais salientam-se:
·         Empresários capazes de criar, fora do sistema escolar, oportunidades educacionais dedicadas a cidadãos adultos e seniores, de boa saúde e com capacidade financeira;
·         Educadores aptos a planificar e desenvolver actividades integradas de índole educacional para cidadãos adultos e seniores;
·         Técnicos de apoio educativo e sociocultural para a terceira idade, capazes de prestar acompanhamento educativo e apoio integrado a idosos que frequentam Centros de Convívio, Centros de Dia, Centros de Noite, Lares e Residências;
·         Gestores de serviços educativos para a terceira idade, a trabalhar em organismos dependentes ou tutelados pelos Ministério da Saúde e Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, (IPSS’s, Misericórdias e Mutualidades no âmbito da Saúde e da Segurança Social), ou noutras ONG's sem fins lucrativos.